ATA DA DÉCIMA SEXTA SESSÃO ORDINÁRIA DA SEXTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA NONA LEGISLATURA, EM 11.04.1988.
Aos onze dias do mês de abril do ano de mil
novecentos e oitenta e oito reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio
Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Décima Sexta Sessão Ordinária
da Sexta Sessão Legislativa Ordinária da Nona Legislatura. Às quatorze horas
foi realizada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adão Eliseu, Antonio
Hohlfeldt, Aranha Filho, Artur Zanella, Auro Campani, Bernadete Vidal, Brochado
da Rocha, Caio Lustosa, Clóvis Brum, Ennio Terra, Flávio Coulon, Frederico
Barbosa, Getúlio Brizolla, Gladis Mantelli, Hermes Dutra, Ignácio Neis, Isaac
Ainhorn, Jaques Machado, Jorge Goularte, Jussara Cony, Kenny Braga, Lauro
Hagemann, Luiz Braz, Nilton Comin, Paulo Sant’Ana, Paulo Satte, Pedro Ruas,
Rafael Santos, Raul Casa, Teresinha Irigaray e Marcinho Medeiros. Constatada a
existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e
determinou ao Ver. Jorge Goularte que procedesse à leitura de trecho da Bíblia.
A seguir, a Srª Secretária procedeu à leitura das Atas da Décima Quinta Sessão
Ordinária e Oitava Sessão Solene que foram aprovadas, com retificação do Ver.
Frederico Barbosa, solicitando que, na Ata da Décima Quinta Sessão Ordinária,
na chamada constante da folha 01, seja retirado o nome do Ver. Brochado da
Rocha. À MESA foram encaminhados: pelo Ver. Antonio Hohlfeldt, 07 Pedidos de
Informações, a respeito da Divisão Industrial da Secretaria Municipal da
Produção, Indústria e Comércio e do escritório de Áreas Industriais do
Departamento Municipal de Habitação, da implantação e exploração
turística-comercial do Sambódromo, do projeto de regularização de construções
irregulares em 1986 e 1987, dos dados disponíveis do Departamento Municipal de
Água e Esgotos para redução do consumo mínimo de 20 para 10m3 de
água, da realização ou não, pela Secretaria do Planejamento Municipal, de um
estudo para uma nova divisão regional e administrativa da Cidade, dos projetos
nºs 1129/87 e 2708/87 e da existência ou não de aplicações de valores em “over”
ou “open”, pela Administração Municipal, Centralizada ou em Autarquias; pelo
Ver. Ennio Terra, 01 Pedido de Providências, solicitando troca de lâmpada
queimada na Av. dos Gaúchos, frente ao nº 1283 e revisão de célula fotoelétrica
na mesma avenida, em frente ao nº 1313; pela Verª Gladis Mantelli, 01 Pedidos
de Informações, acerca da permissão para instalação de comércio em próprios
públicos que são vias de acesso da população; pelo Ver. Nilton Comin, 01 Pedido
de Informações, a respeito dos exames da bactéria de “Leptospira” nas diversas
Estações de Tratamento de Esgotos, no corrente ano. Do EXPEDIENTE constou
Ofício s/nº do Dep. Ibsen Pinheiro. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Ver. Nilton Comin
sugeriu que o lixo sanitário receba uma diferenciação do lixo domiciliar,
através de sua colocação em sacos brancos. Declarou que essa questão deve ser
discutida com muita seriedade, pois tem sido grande o número de óbitos
decorrentes da bactéria de “Leptospira”, a qual é conseqüência da acumulação de
lixo e proliferação de ratos. O Ver. Kenny Braga falou a respeito do quadro de
crise apresentado pelo País e das prioridades do Governo Federal, que não são
embasadas nas necessidades da população, o que acabará provocando o surgimento,
nos próximos meses, de manifestações por parte dos trabalhadores brasileiros
que não agüentam mais essa situação de crise sem perspectivas de melhora. Teceu
comentários acerca da desunião observada nas lutas das esquerdas brasileiras,
analisando as vantagens que essa situação acarreta para os grupos mais
direitistas e reacionários da Nação. Defendeu a realização de eleições diretas
para a Presidência da República ainda neste ano. Em COMUNICAÇÃO DE PRESIDENTE, o
Ver. Brochado da Rocha reportou-se ao pronunciamento, de hoje, do Ver. Kenny
Braga, em defesa da realização de eleições diretas para a Presidência da
República ainda neste ano. Comentou a possibilidade de extinção da Caixa
Econômica Estadual, salientando a necessidade de um posicionamento da Casa
contrário a essa extinção e atentando para a discriminação que vem sofrendo o
Rio Grande do Sul, de parte do Governo Federal. Discorreu sobre o período em
que esteve à frente do Executivo Municipal, dizendo não concordar com as
afirmações de tom irônico dadas pelo Secretário Municipal da Administração em
resposta a Pedido de Informações formulado pelo Ver. Jorge Goularte. Comentou a
situação do Cais do Porto de Porto Alegre, quanto aos problemas encontrados
para seu uso pela população. Ainda em GRANDE EXPEDIENTE, o Ver. Pedro Ruas
teceu comentários sobre o sistema tributário vigente no País, o qual acarreta
prejuízos para os municípios, denunciando medidas a respeito tomadas pelo
Governo Federal, que teria concedido verbas a todos os municípios Capitais de
Estados, desde que não fossem administrados pelo PDT. Criticou essa situação
discriminatória contra seu Partido, dizendo que Porto Alegre não vem recebendo
os necessários recursos da área federal. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Hermes
Dutra discorreu sobre os acordos que estão sendo assinados entre o Brasil, a
Argentina e o Uruguai. Declarou que, apesar de serem politicamente importantes
para a América Latina, esses acordos prejudicam o Rio Grande do Sul, que sofrerá
concorrência de produtos argentinos, cujos preços, pela política vigente
naquele país, são inferiores aos gaúchos. Destacou a importância de posições
firmes e concretas dos setores políticos rio-grandenses a respeito da questão.
E o Ver. Jorge Goularte reportou-se ao pronunciamento, de hoje, do Ver.
Brochado da Rocha, acerca de declarações do Secretário Municipal da
Administração, quanto a Pedido de Informações que fez ao Executivo Municipal.
Congratulou-se com o Ver. Brochado da Rocha, pela sua manifestação, hoje,
referente a área do Cais do Porto da Cidade e da impossibilidade do uso desse
local por toda a população. Criticou o Governo Federal por seu favorecimento
dos estados do Nordeste em detrimento da Região Sul. A seguir, constatada a
existência de “quorum”, foram aprovados os seguintes Requerimentos: do Ver.
Adão Eliseu, de Voto de Congratulações com Sérgio da Costa Franco, pela
publicação de “Porto Alegre Guia Histórico”; do Ver. Artur Zanella, de Votos de
Congratulações com Karl Kopitke, por ter sido eleito Presidente da Associação
dos Municípios da Região Metropolitana (Grampal); com Edgar Sirângelo do Valle,
Presidente, Leodegard Jost e Plínio Pires, Vice-Presidentes, por suas posses na
Associação Leopoldina Juvenil; solicitando que seja realizada, dia vinte e três
de agosto do corrente ano, às dezessete horas, uma Sessão Solene em homenagem
ao Banco do Estado do Rio Grande do Sul, pela passagem de seus oitenta anos de
atividades; do Ver. Hermes Dutra, de Voto de Congratulações com Oscar Fernando
Dias Wother, por vencer a fase regional do concurso “Talento Brasileiro”; do
Ver. Pedro Ruas, de Voto de Congratulações com Marta Gleich, pelo primeiro
lugar no 1º Prêmio Sindicato das Empresas de Transporte de Carga do Rio Grande
do Sul; do Ver. Jorge Goularte, de Voto de Congratulações com o General de
Exército Clóvis Borges de Azambuja, por ter sido indicado para o Comando
Militar do Sul, tendo sido, este último Requerimento, votado em destaque por
solicitação do Ver. Pedro Ruas. A seguir, foi aprovado Requerimento verbal do
Ver. Ignácio Neis, solicitando a inversão da ordem dos trabalhos, passando-se
ao período de PAUTA. Em Discussão Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão, Projetos
de Lei do Legislativo nºs 10; 23; 20/88, discutido pelo Ver. Caio Lustosa;
Projetos de Lei do Executivo nºs 19; 21/88, discutido pelos Vereadores Artur
Zanella e Hermes Dutra; 22; 20/88, discutido pelo Ver. Caio Lustosa; Projeto de
Lei Complementar do Executivo nº 01/88, discutido pelo Ver. Artur Zanella; em
2ª Sessão, Projeto de Lei do Legislativo nº 13/88; Projetos de Lei do Executivo
nºs 14; 15; 16; 17/88, discutidos pelo Ver. Caio Lustosa; 18/88; em 3ª Sessão,
Projetos de Lei do Executivo nºs 01; 05/88; Projetos de Lei do Legislativo nºs
02; 19; 22/88; Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 01/88; Projeto de
Resolução nº 06/88, em 4ª Sessão, Projeto de Resolução nº 01/88. A seguir,
constatada a inexistência de “quorum”, a Sra. Presidente registrou a presença
dos Vereadores Bernadete Vidal, Flávio Coulon, Jussara Cony, Hermes Dutra, Adão
Eliseu, Caio Lustosa, Gladis Mantelli, Marcinho Medeiros e Pedro Ruas e
levantou os trabalhos às dezesseis horas e trinta e dois minutos, convocando os
Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os
trabalhos foram presididos pelos Vereadores Brochado da Rocha, Frederico
Barbosa, Gladis Mantelli e Lauro Hagemann e secretariados pelos Vereadores
Gladis Mantelli, Lauro Hagemann, Rafael Santos e Jaques Machado, o último como
Secretário “ad hoc”. Do que eu, Gladis Mantelli, 1ª Secretária, determinei
fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulso e aprovada, será
assinada pelo Sr. Presidente e por mim.
O SR. PRESIDENTE (Brochado
da Rocha):
Havendo “quorum”, dou por abertos os trabalhos da presente Sessão e passamos a
seguir para o
GRANDE EXPEDIENTE
Com a palavra, o Ver. Nilton Comin.
O SR. NILTON COMIN: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. Desejo, neste espaço de tempo que vou usar nesta tribuna, abordar
dois assuntos. O Ver. Rafael está gestionando ou sugerindo para que eu fale
sobre a leptospira. Não é
especificamente sobre este assunto, mas diz respeito porque os assuntos da
saúde são os assuntos que, quando se trata de lixo, geralmente se fala no rato,
e quando se fala no rato, se fala na leptospira. Eu estou estudando, ao lado de
pessoas de competência notória desta Cidade, pesquisadores científicos,
inclusive um Mestre em Direito, da Faculdade de Direito da UNISINOS, sobre uma
parte importante do lixo desta Cidade, porque se Porto Alegre recolhe 600
toneladas/dia de lixo, aproximadamente 100 toneladas/dia é lixo que vem dos
hospitais, da área de saúde pública, o chamado lixo sanitário. Só em Porto
Alegre nós temos, aproximadamente, 12 mil profissionais médicos, veterinários,
cirurgiões-dentistas, farmacêuticos-químicos, bioquímicos, biólogos, que
trabalham com esse tipo de lixo. E vejam bem, Sr. Presidente e Srs. Vereadores,
que esse lixo tem o mesmo destino do lixo doméstico. Hoje, jornais ainda estão
com a notícia de que o porto-alegrense está a se perguntar diariamente de onde
vem o cheiro desse lixo. Ocorre que todos os lixos, tanto doméstico como lixo
sanitário, ambulatorial, hospitalar, é jogado no mesmo lugar. Ele é conduzido
em caminhões – o lixo hospitalar deveria ser conduzido em containers – a um aterro sanitário que, muitas vezes, não é bem
aterro sanitário, e lá ele é deixado. E o que acontece? Existe uma
subprofissão, dos catadores de lixo, que vivem da venda de papel, papelão,
garrafa, pessoas que, para poder sobreviver, foram obrigadas a ter essa
profissão, porque eu não acredito que qualquer cidadão vá escolher um tipo de
profissão como essa apenas por gostar. Ele é obrigado a fazer isso, porque ele
não tem como sobreviver. Normalmente essas pessoas faziam isso nos edifícios,
procurando rótulos de garrafas de whisky estrangeiros, o chamado scoth, e vendiam aos falsificadores.
Depois, foram ampliando o seu mercado de trabalho e foram recolhendo tudo que
aparecia. Então, o destino desse lixo é um destino que não me convence a sua
aplicação. Acontece que a legislação, como quase todas as legislações do
Brasil, é muito confusa. Quando o Prefeito Villela mandou para esta Casa o
Decreto que criou o Departamento Municipal de Limpeza Urbana, em um dos artigos
de sua finalidade diz que é este Departamento que recolhe o lixo dos hospitais.
Por sua vez, existem portarias do Ministro da Saúde que fazem com que os
hospitais tenham incinerador. Dos 42 hospitais existentes em Porto Alegre,
apenas um possui incinerador, que é a Santa Casa de Misericórdia.
Agora, dia 22, fui convidado para um painel em que estarão presentes a
Associação de Proprietários dos Hospitais, o DMLU e os órgãos técnicos dessa
área. É exatamente para abrir a discussão e saber qual a maneira que nós temos
de encarar este problema. O Rio Grande do Sul hoje possui tecnologia muito boa,
uma empresa, Gruendling Ir. S. A., uma empresa de Santa Cruz do Sul possui uma
tecnologia alemã para incinerar todo este tipo de lixo. Eu entrei em contato
com o Governo de São Paulo para saber exatamente as particularidades da Central
de Incineração que possui em São Paulo. Há poucos dias, o nobre Ver. Mano José
me colocava que quando ele era diretor desse órgão todo esse lixo, chamado lixo
hospitalar, era incinerado e eu não sei por que esta gama de interferência em
legislação fez com que apenas o Hospital da Santa Casa de Misericórdia incinere
o seu lixo. Queremos dar um destino adequado porque entendemos que o
porto-alegrense merece um destino adequado. Eu até tenho aí no meu gabinete um
saco plástico. Até estou sugerindo que o lixo hospitalar tenha sua embalagem
diferenciada do doméstico. Poderia ser um saco plástico branco, com uma cruz
vermelha ou com outra diferenciação, inserida a palavra “perigo”, para que as
pessoas tenham um cuidado maior. Aqui, por exemplo, se tivesse um dentista ao
lado, seu lixo não poderia ser misturado com o lixo doméstico. Até num
hospital, o lixo da hotelaria, bem como o do ambulatório do próprio hospital,
não podem ficar juntos, porque, com essas altas temperaturas de Porto Alegre,
chegando a 38º - uma estufa bacteriológica, normalmente, está graduada em 37º.
E o que ela faz? Numa placa de Petry coloca-se uma semeadura para saber se as
colunas crescem, como salmonelas, estafilococus, estreptococus, etc., com temperaturas altas. Então, se colocarmos
nesse aterro sanitário, expostos, tanto na Zona Norte como na Zona Sul, teremos
um meio de cultura: temperaturas altas, misturando-se restos de comida com o
lixo sanitário, Porto Alegre poderá ter uma séria epidemia, e teremos dificuldades
imensas no seu tratamento profilático, a fim de a exterminar. As chuvas, em
Porto Alegre, descendo por esses morros, hoje completamente devastados, em que
as pessoas vão retirando toda a sua arborização, a água vai descendo, vai
levando tudo, vai inundando tudo, e com essa quantidade excessiva de ratos que
Porto Alegre possui, nós poderemos ter a repetição do fato que foi vivido no
Rio de Janeiro, 50 óbitos por leptospirose,
e quase mil pessoas hospitalizadas com a mesma doença. É uma situação muito
grave, e que nós entendemos e esta Câmara de Vereadores entende - porque aqui
estão seus representantes legítimos de todas as camadas sociais - que devemos
ter um cuidado especial sobre esta matéria. Ela é uma matéria técnica, mas ela
pega o homem simples do bairro e da favela e ele não sabe como se defender, não
sabe nem pronunciar a palavra adequada, porque as coisas deste País ocorrem e
nós só sabemos a palavra adequada quando ocorrem coisas como esta que ocorreu
no Rio de Janeiro e lá no Acre.
Então, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a nossa preocupação sobre esta
matéria é constante. E nós entendemos que, ouvindo os diretores de hospitais,
os sindicatos médicos, os sindicatos dos dentistas, dos médicos-veterinários,
dos farmacêuticos químicos e bioquímicos, das enfermeiras de alto padrão, dos
biólogos, dos sociólogos, nós poderemos ter um projeto em melhores condições
para essa cidade de Porto Alegre. Porque a coisa mais difícil que acontece
nesta sociedade brasileira, Professor e Geólogo Flávio Coulon, é o entrosamento
da universidade com os políticos da área municipal, da área do Estado e da área
federal, porque a universidade se fecha no seu conhecimento, ela não transmite
nem ao povo nem aos representantes populares que tem nesta Casa, e o conhecimento
científico fica exatamente nas quatro paredes. É muito comum nós termos em
qualquer universidade do Rio Grande do Sul e aqui em Porto Alegre, um master, um PHD, um professor que tem
conhecimento em várias línguas, porque assim se especializou. Mas esse homem,
não sei porque entraves que a sociedade dá, não consegue chegar aqui na Câmara
de Vereadores, na Assembléia Legislativa, para trazer os seus conhecimentos.
Eu tive na faculdade um colega, o Biragibi. Ele tirou quatro cursos
universitários, e eu seguidamente lhe perguntava: qual das profissões você vai
realmente exercer? Então, ele fica com grande conhecimento, com grande conteúdo
científico, mas ele não consegue passar para as pessoas mais humildes, através
de seus representantes legítimos que são os Vereadores e os Deputados
Estaduais.
O Sr. Flávio Coulon: V. Exa, permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Duas coisas que eu gostaria de salientar no
pronunciamento de V. Exa. V. Exa. se referiu a este cheiro que está invadindo a
Cidade, inclusive hoje foi objeto de uma reportagem grande do jornal Zero Hora.
Para nossa surpresa, constatamos que tanto a Secretaria Municipal do Meio
Ambiente, como a Secretaria da Saúde, todos ficaram surpresos com isso, uma
coisa que já está acontecendo há bastante tempo. E está sendo explicado como
uma inversão térmica em relação ao aterro sanitário lá da Ilha do Pavão. Mas a
grande preocupação das pessoas que têm me procurado, é que como esse cheiro só
está acontecendo à noite, não estaria acontecendo uma outra origem naquela zona
para esse tipo de cheiro? Eu tenho, há muito tempo, com relação ao assunto da
faculdade ... as pessoas lutam para ter um artigo publicado em inglês numa
revista americana, é a grande consagração do nosso pesquisador. Embora esse
aspecto, é necessário, me parece, também por parte da população, e até da
Câmara, o contato com a universidade, no sentido de buscar as pessoas. Me
parece que a sua idéia é muito boa. Eu tenho observado que sempre que a
Universidade é contatada, ela manda os seus técnicos aqui conversar conosco.
De modos que, realmente, está faltando uma mão de lá para cá, mas, no
meu modo de entender, está faltando também uma mão da sociedade para a
universidade. O ideal é que a gente estabeleça logo essa vinculação.
O SR. NILTON COMIN: V. Exa. pode ser esta mão.
O Sr. Aranha Filho: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Nobre Vereador, V. Exa. traz a Plenário uma
preocupação já anunciada e já comentada nesta Casa e, inclusive, com farta
publicidade nos jornais. Mas, quarta-feira pela manhã ou sexta-feira à tarde,
nós estávamos vendo o problema de horário deste Plenário e mais a possibilidade
das autoridades chegarem aqui, nós haveremos de debater justamente este
assunto, esse cheiro que Porto Alegre está sentindo, principalmente à noite, no
cair da tarde, nesta semana que passou, principalmente, ali por perto da Ponte
do Guaíba. Andam dizendo que é inversão térmica, outros que é o lixão da Ilha
do Pavão.
Mas estamos chamando aqui o Diretor do DMA, Departamento de Meio
Ambiente; o Ver. Nei Lima, SMAM; o Ver. Vieira da Cunha, DMLU, e, ainda, o
autor, que nós estamos procurando, quem deu aquela entrevista, de inversão
térmica, chamando aqui todas as entidades ecológicas ligadas ou cadastradas na
nossa Comissão de Saúde e Meio Ambiente. Nós traremos aqui, para debater
juntamente com os Vereadores, e sabermos exatamente o que está acontecendo.
O SR. NILTON COMIN: Sou grato pelo aparte de V.
Exa. Sra. Presidente e Srs. Vereadores, ao concluir, quero cumprimentar o Ver.
Aranha Filho, Presidente da Comissão de Saúde, pelo seu esforço em esclarecer a
população de Porto Alegre nos assuntos tocantes à saúde pública. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE (Gladis
Mantelli):
Com a palavra, o Ver. Paulo Sant’Ana. Ausente. Com a palavra, o Ver. Kenny
Braga, pelo tempo que lhe cede o Ver. Paulo Satte.
O SR. KENNY BRAGA: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, os problemas que dizem respeito à comunidade de Porto Alegre são
objeto da nossa preocupação permanente nesta Casa. Mas, evidentemente que Porto
Alegre não existe isoladamente. Porto Alegre faz parte de um contexto maior, um
contexto político e administrativo maior e este contexto administrativo e
político, moldado pelos homens na Nova República, está muito mal.
Nota-se, Sra. Presidente e Srs. Vereadores, em todas as camadas
sociais, uma insatisfação crescente, um desespero crescente, e as pessoas não
visualizam uma luz sequer no fim do túnel. E, hoje, parece que o Presidente da
República e seus Ministros estão empenhados única e exclusivamente em apertar o
cinto do trabalhador brasileiro, em arrochar o trabalhador brasileiro e pagar a
nossa dívida externa à custa do sacrifício e do desespero do nosso povo.
Os jornais de hoje dão conta de que o Brasil não tem recursos sequer
para pagar os juros da dívida externa. E está tentando, no exterior, conseguir
um empréstimo ponte com as nações desenvolvidas para pagar os juros da dívida
externa, e não o principal. Então, nós estamos chegando no fundo do poço e por
mais que nós queiramos nos fixar unicamente nos problemas da Capital, nos
problemas de Porto Alegre, nós não podemos desconhecer que vivemos numa
situação dramática. E eu não tenho dúvida que, nos próximos meses, nós teremos
manifestações de desagrado em todo o Brasil. Teremos o recrudescimento das
greves setoriais e, possivelmente, de uma greve geral como resposta aos
desmandos e à insensibilidade deste Governo da Nova República. O povo
brasileiro quer ver este Governo pelas costas. O povo brasileiro não agüenta mais
esta Governo. E este Governo insiste em perpetuar seu poder sem ter uma
delegação do povo expressa para isso. E o que me deixa um pouco preocupado é
que esse Congresso Constituinte não está tendo a atenção que a crise econômica
do País realmente merece. As discussões ficam na superfície, são
inconseqüentes, e o Brasil se afunda nos seus problemas. O povo brasileiro está
cansado, há um desespero crescente no ar, e não se vê perspectivas de saída. Eu
acho que chegou a hora de colocarmos nós, os segmentos políticos mais
conseqüentes, os sindicatos de trabalhadores, os estudantes, enfim, o povo
brasileiro mobilizado, eu acho que é chegada a hora de nós desencadearmos uma
campanha em todo o Brasil pelas eleições diretas, imediatamente! Se fosse
possível realizar as eleições diretas daqui a trinta dias, nós deveríamos
realizá-las, porque este é um Governo exaurido, um Governo esgotado, um Governo
sem criatividade e um Governo enredado nos seus problemas e nas suas
contradições. A revista Veja da semana passada chega a sugerir e a insinuar
claramente que existe um mar de lama no qual o Governo da Nova República está
mergulhado. E parece que o Governo da Nova República não está querendo, também,
esclarecer os fatos. Aliás, nesse sentido, eu não ouvi nenhuma manifestação
aqui, de integrantes do PFL nesta Casa, em relação à perseguição que está sendo
vítima o Sen. Carlos Alberto Chiarelli, do Rio Grande do Sul. Não tenho nenhuma
afinidade política com ele, sequer o conheço pessoalmente, mas acho que o mesmo
está sendo vítima de uma manobra torpe e vil do Palácio do Planalto, na medida
em que ele encaminha os trabalhos de uma Comissão Parlamentar de Inquérito que
busca, exclusivamente, esclarecer fatos tristes da Nova República, ele está
tendo a sua vida particular devassada pelos peleguinhos da Nova República, e
chegam ao ponto de ameaçar o Senador e de tentar devassar as suas contas
particulares e propriedades, na tentativa de impedir que se dê continuidade a
esse trabalho na CPI montada no Senado, e que tem no Sen. Carlos Alberto
Chiarelli um dos seus expoentes mais atuantes. Acho que a classe política do
Rio Grande do Sul não pode ficar indiferente ao que está acontecendo com o Sen.
Carlos Alberto Chiarelli, e que não é do meu Partido, mas acho que, neste
momento, se coloca claramente um confronto entre aqueles que querem esclarecer
os fatos e entre aqueles que os querem acobertar. E o Rio Grande do Sul
político não pode ficar indiferente ao que está acontecendo. O Rio Grande do
Sul político deve mobilizar-se para defender o mandato do Sen. Chiarelli na sua
íntegra, porque este mandato está sendo violentado por manobras escusas e
manobras safadas do Palácio do Planalto. Como gaúcho e como brasileiro, eu
venho a esta tribuna me posicionar frontalmente a este tipo de assalto a um
mandato parlamentar, eleito pela vontade soberana de uma parcela expressiva do
povo rio-grandense e que não pode ser objeto de investigação de um governo
imoral e corrupto, que não tem condições de julgar o trabalho do Sen.
Chiarelli, nem o seu procedimento. Porque, para nós, gaúchos - e eu digo isto
não como partidário ou companheiro de Partido do Sen. Chiarelli - ao que me
consta, não existe nenhum fato desabonador à conduta do Sen. Chiarelli, então,
me parece que todos os partidos políticos, independentemente das suas
orientações doutrinárias e programáticas, devem dar-se as mãos, aqui no Rio
Grande do Sul, neste momento, para dizer que o Rio Grande do Sul político não
aceita este tipo de manobra, de que está sendo vítima o Sen. Chiarelli.
O Sr. Raul Casa: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Mas veja quanta coisa bonita nos ensina a política.
Nós, aqui na Casa, a defender, leoninamente muitas vezes, projetos do Executivo
do PDT. V. Exa., na tribuna, a defender, aliás, com o brilhantismo que o
caracteriza, com o brilho da sua inteligência, o nosso querido Sen. Chiarelli.
Realmente, nós já manifestamos a nossa solidariedade a S. Exa., já demos a ele
o empenho da nossa irmandade e sabemos que este tipo de ação que ele está
enfrentando é característica de um jogo político, que todos nós sabemos
rasteiro e baixo. O Sen. Chiarelli, sem dúvida alguma, tem a nossa
solidariedade, assim como teve quando ele manifestou-se e era um dos
conselheiros do Presidente Sarney.
O SR. KENNY BRAGA: Eu queria dizer que, entre
o velho serviçal do regime militar, o Sr. Antonio Carlos Magalhães, o Toninho
Malvadeza, eu fico com o Sr. Carlos Alberto Chiarelli. Porque este regime
afunda, faz água e não deixará nenhuma saudade. E não se pode, neste momento, desculpar
o procedimento dos parlamentares do PMDB, porque o PMDB conseguiu, através do
voto, uma esmagadora maioria no Congresso Nacional, o PMDB fez todos os
Governadores deste País e, poderia, se quisesse montar a Constituição de acordo
com seus propósitos e idéias. Mas o PMDB permitiu, os expoentes do PMDB
Nacional, os melhores integrantes do PMDB Nacional permitiram que a legenda
fosse assaltada por políticos comprometidos com o regime militar, corruptos,
safados, que ingressaram na legenda do PMDB para descaracterizá-lo
publicamente. E tenho muito medo, que havendo a perspectiva de poder para o
PDT, ocorra, no meu partido, o que aconteceu com o PMDB; aquelas pessoas que se
sentiam na iminência da marginalização política, e que ficariam ao desabrigo de
qualquer legenda séria, buscaram o PMDB apenas para manter o seu espaço
político, e não para se integrar ao Partido, não para comungar das suas idéias,
e não para levar o PMDB adiante. É por isso que hoje, quando se diz que
elementos comprometidos com o regime militar e que não tiveram a sua biografia
modificada no essencial, querem entrar para o PDT, eu tremo de medo. Poderão
entrar, mas não terão a minha convivência, nem o meu aval. Se é para acontecer
o que está acontecendo com o PMDB com o meu Partido, é provável que eu saia do
Partido, e vá para uma agremiação que não tolere esse tipo de assalto, esse
tipo de política canalha e safada, que está levando o Brasil a este beco sem
saída. O que se vê, hoje, é o País mergulhado na corrupção, é um Presidente tentando
impedir que o seu genro vá depor em uma CPI que é séria, é um Presidente
insistindo na permanência no Poder, não tendo para isso a delegação do povo
brasileiro, e são partidos indiferentes, de um modo geral, ao que está
acontecendo. Lamentavelmente as esquerdas brasileiras parece que não aprenderam
a lição de história, as esquerdas brasileiras atuam desunidamente, enquanto a
direita deita e rola em torno de objetivos bastantes conhecidos que são,
fundamentalmente, a preservação da propriedade privada, o lucro desenfreado do
capital financeiro, enfim, são pontos de vista que unem a direita. E nós, que
estamos à esquerda do espectro político nacional, não conseguimos solidificar
uma posição de luta comum. Então, o dias são de intranqüilidade, os dias são de
preocupação e, lamentavelmente, o Brasil caminha para o poço fundo da corrupção
de uma política que não serve ao povo brasileiro, mas serve ao interesse das
minorias. E ainda no sábado eu dizia numa sala de aula que nós temos o vício de
criticar, sistematicamente, as multinacionais que atuam no Brasil. E as
multinacionais são criticáveis em todos os aspectos. Mas eu pergunto: as
multinacionais existem no Brasil com o consentimento de quem? Dos
testas-de-ferro nacionais que permitem que as multinacionais façam o que querem
no Brasil. Então, a crítica deveria recair, fundamentalmente, sobre elementos
vinculados às classes dominantes brasileiras, que são as classes dominantes
mais atrasadas do mundo, que permitem que as multinacionais tenham este espaço
que tem no Brasil, que permite que se leve o Brasil a esta situação de
descalabro financeiro internacional. A posição do Brasil é vexatória, não vejo
nenhuma perspectiva de saída e lamento não fazer um discurso otimista em
relação ao futuro. Não vejo nenhum otimismo no futuro. Não há nenhuma razão
para ser otimista neste momento a não ser que se tenha, imediatamente, o prazo
para se marcar as eleições para Presidente da República. Alguns continuistas
dizem que não vale a pena se marcar eleições para Presidente da República,
porque eleição para Presidente não resolve nada. Pois eu digo que resolve tudo,
porque nós queremos um Presidente eleito pela vontade majoritária do povo
brasileiro e com respaldo para fazer as mudanças que este País precisa há tanto
tempo. Evidente que eleição direta para Presidente resolve tudo e se não
resolve tudo, resolve em parte os grandes problemas que afligem a população
brasileira.
Então, eu quero eleições, Verª Jussara Cony, não no fim do ano,
imediatamente, porque este Governo é absolutamente insuportável, ninguém
suporta o Governo. E gostaria que todos os partidos políticos não ficassem em
cima do muro, mas viessem a público manifestar este tipo de posição e
conseguissem mobilizar as massas trabalhadoras para um confronto final que
certamente haverá. Não podemos mais permanecer numa atitude de indiferença, nós
temos que mobilizar o povo para tirar os usurpadores do poder para recolocá-los
no seu devido lugar.
A Sra. Jussara Cony: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Extremamente importante o pronunciamento de V. Exa. e
mais ou menos uns dez dias que nós já estamos participando, inclusive como
representante da direção regional do nosso Partido, na comissão que une hoje os
partidos políticos do Rio Grande do Sul, entidades democráticas e populares, e,
hoje à tarde, já vamos para a quarta reunião, na Prefeitura de Porto Alegre, já
preparando o comício para o dia 22 de abril. Não há dúvida que neste momento -
e temos absoluta convicção, assim como dizíamos em relação à Assembléia
Nacional Constituinte - as eleições diretas não vão resolver os problemas de
fundo de nosso País, e V. Exa. também encaminha neste sentido, até porque não
vai ser nos moldes desta estrutura do estado capitalista que as soluções vão
ser resolvidas, mas, não há dúvida que recupera o próprio debate público de
proposta progressista e recupera a necessidade que a Nação tem da ampla
participação do povo realmente para encaminhar os destinos da nossa Nação, até
para o povo ver que não é nos moldes de uma Constituinte democrática ou
burguesa, não é nos moldes do parlamento que estas soluções de fundo que a
Nação precisa vão ser encaminhadas. Mas, hoje, Vereador, é essencial, mais do
que nunca, colocar o povo na rua, até para garantir que nós tenhamos apenas
quatro anos do mandato do Sarney, mas para garantir uma coisa que no meu
entender é mais fundamental que tudo: a unidade popular que necessitamos neste
momento, não em torno de nomes, mas em torno de programas alternativos, em
torno principalmente da organização do povo para realmente esta Nação poder
avançar.
Então, eleições diretas sim, já, e hoje à tarde haverá uma reunião
importantíssima, e enquanto V. Exa. falava estou tentando redigir, inclusive
para colaborar, um manifesto ao povo gaúcho, que hoje à tarde será acordado
entre todos os Partidos e entidades que lá estarão participando.
O SR. KENNY BRAGA: Com a tolerância da Mesa,
eu cedo rapidíssimo um aparte ao Ver. Jorge Goularte, pois já estou no final do
meu discurso e meu tempo já está esgotado.
O Sr. Jorge Goularte: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) É uma frase apenas. Eu já defendo há muito tempo
eleições gerais no País, em todos os níveis. Terminada a Constituição,
marcassem eleições gerais e começar tudo de novo. Isso é o certo, porque muitos
deputados pregaram a Constituinte exclusiva e agora não se ouve falar mais
nisso.
O SR. KENNY BRAGA: Intranqüilo e preocupado
com o destino do meu País, encerro o meu discurso reafirmando que só as
eleições diretas poderão salvar o Brasil do caos financeiro em que se encontra
e do desespero da maioria do povo brasileiro. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Tempo de Presidência. Com a
palavra, o Ver. Brochado da Rocha. V. Exa. tem quinze minutos.
O SR. BROCHADO DA ROCHA: Srª Secretária no exercício
da Presidência, Srs. Vereadores, em primeiro lugar, quero dar a tônica inicial,
referindo-me àquilo que era anteriormente debatido nesta Casa pelo Ver. Kenny
Braga e com os apartes dele decorrentes. É necessário que façamos um grande
movimento, que esta Casa participe de uma pregação para as eleições ainda este
ano, para Presidente da República. Falo eu, na certeza de que se não houver
alterações no quadro brasileiro, nós que tentamos desesperadamente, durante
anos, uma transição pacífica, não chegaremos a esta transição pacífica, e mesmo
porque o atual descrédito do Governo Federal leva e arrasta consigo o
descrédito para todas as áreas, este é o problema, posso eleger eu o sindicato
do meu edifício, mas não posso eu eleger o Presidente da República. Acho que é
impostergável esta eleição até como – diria eu – que seria um pacto nacional, e
o tão falado pacto nacional deve surgir exatamente via eleições diretas. Feitas
estas colocações, mas ainda dentro da linha delas, quero me referir que o Rio
Grande do Sul, e aí não me feriu nenhum sentimento, digamos, subalterno, vem
sendo colocado à margem das coisas. Quero chamar a atenção para os colegas com
assento nesta Casa, que hoje se encontra em Brasília uma delegação de Deputados
pedindo a não-extinção da Caixa Econômica Estadual. Acredito que deva sair
imediatamente desta Casa uma manifestação de todas as Lideranças contra esta
extinção. Querem extinguir o Rio Grande, e a coisa, Ver. Kenny Braga, evolui
numa forma tão candente que falam em extinguir um órgão da Presidência da
República, que é exatamente a Empresa Brasileira de Transportes, a chamada
UBTU, só porque tem um gaúcho dirigindo-a, conforme noticiário nacional, é
extinguida ou não, conforme posição do Sr. Governador do Estado do Rio Grande
do Sul, se ele for a favor de 4 ou 5 anos. Critiquei que uma vez, aqui, um
determinado Prefeito que entendeu melhor extinguir um órgão da Prefeitura do
que demitir um cidadão. Acho que no caso até poderia ser demitido o gaúcho que
dirige a EBTU, mas não extinguir a EBTU, ou extinguir por motivos realmente
conhecidos, mas a verdade é que não há esses motivos conhecidos. O que há são
motivos conhecidos, de que um gaúcho dirige a EBTU e se o Rio Grande do Sul não
apoiar os 5 anos, através do seu Governador, nós teremos a extinção do órgão. O
ridículo chega a este ponto.
Correndo a Pauta e dando uma certa prestação de contas a meus colegas,
quero me dirigir à Casa e especialmente ao Sr. Ver. Jorge Goularte, dizendo
que, no exercício da Prefeitura, não compactuei com nenhuma das informações
dadas pelo Sr. Secretário de Administração. Se S. Exa. ironizou, é porque S.
Exa. desconhece que é próprio e peculiar fazer Pedidos de Informação. Agora, se
S. Exa. não sabe isso, acredito que S. Exa. deve, imediatamente, imbuir-se de
um espírito democrático e saber que os Pedidos de Informação são próprios da
essência do convívio democrático. Acho – e aqui vai uma pitada de ironia – que
S. Exa. não está apto a participar de um congraçamento democrático e deveria
fazer um cursinho para tal.
O Sr. Pedro Ruas: Ele quer fazer aqui.
O SR. BROCHADO DA ROCHA: Não, Vereador, aqui ele não
poderá fazer porque não tem, ainda, as pré-condições como, por exemplo,
divergir do Ver. Jorge Goularte, mas respeitá-lo. Esta é a democracia e parece
que ele não aprendeu. Quero deixar, ao Ver. Jorge Goularte o meu apreço e o meu
respeito, dizendo-o a todos quanto o ironizam e que querem fazer, em cima de S.
Exa., um bom mote para se promover como pseudomoralistas. S. Exa. não se
incomode, pois é próprio de quem não é e quer parecer que é. Não se incomode,
Vereador! Fui longo tempo oposição e até tenho uma certa vocação para a
oposição, confesso a V. Exa., mas, no decorrer de todo esse tempo, houve até
Secretários das Administrações que ao ocorrer do tempo passaram, dos quais
discordei da primeira à última linha e a quem nem mesmo Pedido de Informação
fazia, porque achava que não mereciam informar-me porque eram desinformados.
Quero crer que V. Exa. exerce seu mandato pedindo informações. Agora, se o dito
cujo Secretário não quer responder aos Pedidos de Informação não precisa
ironizar, porque, em última análise, Ver. Jorge Goularte, me sinto à vontade
para falar, pois o ofício é assinado pelo Presidente da Câmara e é dirigido ao
Prefeito, ou seja, ele é apenas um atravessador e como tal ele deveria se
portar.
O Sr. Jorge Goularte: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Eu quero agradecer a V. Exa. a manifestação que faz,
fruto de seu espírito democrático. Nós, nesta Casa, estamos há 13 anos,
divergimos muitas vezes, mas nunca o fizemos desta forma. Se eu vou pedir um
Pedido de Informações é porque eu o acho válido. Se eu leio no Boletim de
Pessoal que a Secretaria, através do seu Secretário, transforma Assistente Jurídico
em Procurador - enquanto sou criticado por querer reclassificar funcionários
que estão em desvio de função - então, esses assistentes, evidentemente,
ficarão em desvio de função oficializada. Mas quero agradecer a V. Exa. e dizer
que não poderia ser de outra forma o Presidente da Casa, com seu alto espírito
democrático, sair em defesa de seu colega.
O SR. BROCHADO DA ROCHA: Vereador, quero chamar a
atenção de V. Exa. de que quem vai assinar o Pedido de Informação sou eu. Eu
quero dizer que ele quer ridicularizar a Casa. Como tal, pediria a V. Exa., de
público, que pelo menos oferecesse co-autoria em seu Pedido de Informações,
porque eu faria outros. E há pedidos bastante irônicos que, juntos, poderemos
fazer. Um deles, de público, faço: o que fez a Secretaria de Administração até
hoje? É o primeiro. Ou melhor, perguntaria: existe a Secretaria de
Administração? Se tem resposta ou não, não me importa, mas essa prática de
ironizar Vereadores faz parte de um cunho altamente antidemocrático.
O Sr. Aranha Filho: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Para colaborar, um outro: saber se o plano especial
dos funcionários do HPS, promessa de campanha de Alceu Collares, sai ainda na
sua gestão ou não. Parece que ele está engavetado. Esse poderia ser assinado
por todos Vereadores.
O SR. BROCHADO DA ROCHA: Eu acho que S. Exa. quer
atingir a Casa. E antes de assinar este Ofício, se o Sr. Ver. Jorge Goularte
permitir, eu levarei a tantos quantos desejarem, porque, cada um nesta Casa,
não querendo tomar o lugar do Ver. Paulo Sant’Ana, tem uma veia de ironia muito
grande. Somos 32, mais o Ver. Paulo
Sant’Ana que é irretorquivelmente um grande irônico, que poderia, numa só
linha, liqüidar esse assunto. Uma só linha liqüida o assunto.
O Sr. Marcinho Medeiros: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Outro pedido, deixo-o encaminhado à SMA, para que se
pronuncie também a respeito do plano de carreira do magistério municipal, que
até o presente momento não se pronunciou. Como este é dos professores do
Município,que esse plano chegue a tempo na Câmara para que a Câmara possa se
pronunciar dele. Está trancado na Secretaria de Educação do Município desde o
início deste ano.
O Sr. Pedro Ruas: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Apenas para frisar que a responsabilidade e a forma
idônea com que V. Exa. se porte, sistematicamente, fez de V. Exa. o Presidente
desta Casa, e faz de V. Exa. a voz de todos nós neste momento, em relação a
este pronunciamento. Independente do mérito, no qual não vou entrar e o qual
não vou discutir, também tenho divergências com o Ver. Jorge Goularte, a nível
político, ideológico, porém me parece que é dever de todos nós zelar pelas
instituições. E, de certa forma, o pronunciamento de V. Exa. passa a ser o pronunciamento
de todos nós.
Chamo a atenção, apenas, para a falta de oportunidade do aparte do Ver.
Marcinho Medeiros, na medida que o que V. Exa. coloca é uma questão de
dignidade da própria Casa, e a interrogação do Ver. Marcinho Medeiros nada tem
a ver com a posição de V. Exa. neste momento.
O SR. BROCHADO DA ROCHA: Gostaria de encaminhar
outro problema. Encontrei nestes dias um problema muito sério, para o qual
chamo a atenção da douta Bancada do PMDB nesta Casa, que é referente ao esbulho
possessório que sofreu a cidade de Porto Alegre. A cidade de Porto Alegre tinha
como sua o leito da Av. Mauá. Combinou com o DNOS que lá realizasse um muro, o
chamado “muro da vergonha”. Até ai não tem nada a ver com o PMDB e com este
Vereador. Mas, a verdade é que foi instalado o “muro da vergonha”. Esse ”muro
da vergonha” criou um privilégio odioso, que é expropriar da cidade de Porto
Alegre aquela área. Afinal, passou por esta Casa alguma coisa que dava para o
Governo da União ou para o Governo do Estado aquela área. Poderão me dizer que
aquela área é de Segurança Nacional, mas eu perguntaria se por acaso o porto
tem alguma coisa para guardar, a não ser pertences que podem ficar em qualquer
depósito? E esses depósitos não estão colocados em nome da Segurança Nacional.
Chamo atenção dos Srs. Vereadores que há muitos veículos, no porto,
estacionados de uma forma mordômica. Isso há. Eu queria dizer que pretendia
fazer uma visita ao cais do porto, mas antes de fazer a visita já recebi tantos
desaforos que lá não compareci, porque se vou para receber desaforos, ia ter
que no mínimo me embrenhar em discussões violentas. Mas quero dizer aos
Senhores que a cidade de Porto Alegre não pode, sendo ela colocada da forma que
está sendo colocada, continuar a não contar com aquela área da Cidade, não
contar com aquela área, pois ela é por demais nobre para haver brincadeiras com
aquela área. É por demais necessário para a cidade de Porto Alegre que aquela
área seja envolvida por uma ou outra atividade.
Quero deixar bem claro que nós já perdemos quando votamos, e aí votamos
e aí a Câmara cedeu espaço para o TRENSURB, mas perdemos. Agora, aquelas
comportas, Verª Caio Lustosa, foram apenas colocadas para serem fechadas quando
houvesse cheias, e agora, para qualquer pessoa que quiser entrar, quer
caminhando, quer em seu veículo, tem que apresentar carteira de identidade, só
entra se deixar a carteira na entrada. Eu nunca vi um esbulho possessório desse
nível e desse quilate, em nome da Segurança Nacional. Acho que os tempos são
outros e acho que o momento é outro e acho que essa indelicadeza e essa burrice
de dar esse tratamento desse nível para essa área não pode ter acolhida pelo
Governo do Estado, mesmo porque se houve essa acolhida, nós vamos entrar com habeas corpus, para poder entrar naquela
área com uma decisão judicial, ou seja, ou é por bem ou é por mal, mas acredito
que o assunto não foi devidamente estudado para dizer-se isso e um simples
órgão público, que até tem caráter de empresa, que é a PORTOBRÁS, não pode
querer se adonar. Até porque surge uma questão: será aquilo um porto hoje ou
será um depósito?
É uma questão que fica em discussão, que fica em aberto, e que não
pretendemos que lá continue desta forma, deste jeito, e com, sobretudo,
palavras tão arbitrárias, tão violentas, o que não condiz.
Realmente, parece que aquele muro, chamado “muro da vergonha” esconde
algumas vergonhas de tal maneira que não querem abrir para a cidade de Porto
Alegre. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: A palavra com o Ver. Pedro
Ruas, inscrito em Grande Expediente. V. Exa. tem quinze minutos.
O SR. PEDRO RUAS: Sra. Presidente e Senhores
Vereadores, muitas vezes se falou, e foi uma das propostas que mais encontrou
ressonância neste País, em Reforma Tributária para se fazer justiça aos
diversos municípios e, em especial, às capitais de nosso País, que arrecadavam
e arrecadam recursos para o Estado e para a União e nunca tiveram a
retribuição, o retorno devido dessas arrecadações.
Pois, Sra. Presidente e Senhores Vereadores, ao que consta e pelos
noticiários da imprensa dos últimos dias, o Governo Federal já resolveu esta
questão da seguinte maneira: todas as capitais do País passarão a receber
verbas para os seus programas econômicos, para os seus programas de nível
administrativo, com exceção daquelas dirigidas e administradas pelo PDT, ou
seja, só uma.
A Reforma Tributária que o Governo central e que vários partidos
durante vários anos pregavam e lutaram para que ocorresse na Constituinte,
ocorre hoje, realmente, na prática, e ela se dá nestes moldes: “Todas as
Capitais que não forem dirigidas e administradas pelo PDT receberão verbas da
União”.
Então essa é uma situação? Não! O PDT. O PDT, Ver.ª Bernardete Vidal, a
determinação, especificamente, em relação ao Partido Democrático Trabalhista. O
Governo Sarney anuncia verbas para todos aqueles Municípios, capitais de
Estados, que não sejam dirigidos pelo PDT. E nos deixam, como porto-alegrenses
e como representantes nesta Casa do Povo de Porto Alegre, na situação e na
obrigação de fazer publicamente esta denúncia. Não é mais possível, Srs.
Vereadores, conviver com tamanha discriminação, com tamanha falta de
sensibilidade, com tamanha perseguição política como convivem, hoje, os
porto-alegrenses.
Há poucos dias, a imprensa local, em editorial do jornal “Zero Hora”,
referia, ainda, a grande, a decepcionante, a terrível discriminação para com o
Município de Porto Alegre que lhe dispensa a União Federal.
Então, essa é a Reforma Tributária, os municípios capitais de Estado
finalmente receberão o seu quinhão, desde que – uma pequena condição – desde
que não sejam administrados, politicamente, pelo PDT. Porto Alegre é
administrado politicamente pelo PDT. E não tem, Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, nenhum auxílio em termos de qualquer verba, qualquer empréstimo,
qualquer auxílio, qualquer programa para a nossa Cidade.
O Sr. Flávio Coulon: Não tem porque não merece
O SR. PEDRO RUAS: Diz o Vereador Líder do
PMDB que não tem porque não merece. Então, a Cidade, segundo o Ver. Flávio
Coulon, Líder do PMDB nesta Casa, não merece.
Nós entendemos diferente, Vereador. Entendemos que a Cidade merece,
independente do Governo ou do Partido que esteja no Poder, no momento.
Entendemos que a Cidade merece hoje, como merecia ontem e como merecerá amanhã,
quando talvez esteja o Partido de V. Exa. no Governo. Seja qual for o partido,
os porto-alegrenses merecem tanto quanto os cariocas, os paulista, os baianos,
os pernambucanos. Todos irmãos brasileiros, a mesma prática de distribuição de
verbas. Mas nós somos discriminados no dia-a-dia deste tipo de governo que
coloca essa condição e diz mais, chega à petulância de dizer que com ou sem
Reforma Tributária, ela já existe na prática, com aquela pequena condição,
talvez para os outros irrelevante, para nós fundamental. Nós somos
porto-alegrenses, moramos aqui e representamos o povo desta Cidade.
O Sr. Hermes Dutra: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Ver. Pedro Ruas, V. Exa. faz uma denúncia muito grave
e eu até a entendo politicamente. Mas há umas questões de ordem prática e eu
sou obrigado a colocar algum lambari, usando um termo comum. Há questão de dois
meses e tanto, na Representativa, nós aprovamos, e esta Casa votou com o meu
voto favorável, porque o Sr. Prefeito mandou dizer que assim era necessário
para a Cidade, autorização para receber mais de 60 milhões de cruzados da EBTU.
Eu já nem falo do empréstimo da PETROBRÁS, porque foi uma operação mais
específica. E, agora, eu até fiquei na dúvida, teria sido em vão o meu gesto,
estes recursos não estão vindo?
O SR. PEDRO RUAS: Este é o mínimo, Vereador.
As matérias de imprensa registram, nos últimos dias, a distribuição de verbas
independente de convênios e para serem pagas em mais de dez anos para todas as
capitais do País, menos Porto Alegre. Acredite V. Exa., menos Porto Alegre.
Tenho em mãos, Ver. Hermes Dutra, e agradeço a observação de V. Exa. que me dá
a oportunidade de fazer o registro, o editorial do jornal “Zero Hora”, do dia
09 de abril, que traz exatamente a referência, inclusive as cidades que
recebem. Então, a discriminação para com Porto Alegre nos deixa, como
representantes do povo desta Cidade, perplexos e indignados. Nós não podemos
sofrer qualquer discriminação em função de questiúnculas partidárias. A nós
importa, basicamente, que sejamos tratados como são os outros brasileiros. Não
vamos deixar de lutar pela Reforma Tributária. Agora, enquanto ela não vem e
enquanto o Governo Federal passa a distribuir verbas para outras capitais a
título gratuito, nós queremos receber verbas também. Porto Alegre também tem o
mesmo direito de todas as outras Capitais, independente do Partido que esteja
no Poder.
O Sr. Kenny Braga: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Eu ia cobrar justamente isso, a posição da Bancada do
PMDB nesta Casa, que é co-responsável pela administração da Cidade. Eu queria
saber o que que o PMDB nesta Casa pensa a respeito dessa discriminação odiosa,
encampada pelo Governo Federal, Governo que tem o respaldo do PMDB. O
Presidente desta Casa, Ver. Brochado da Rocha, disse da iminência da extinção
da EBTU, única e exclusivamente porque tem na sua presidência um gaúcho. E eu
também gostaria de saber se o Ver. Flávio Coulon concorda com esse tipo de
procedimento, de extinguir-se um órgão federal importante, porque tem no seu
comando um homem do PMDB. Mas o PMDB não precisa que os Vereadores do PDT façam
a defesa dos seus companheiros nesta Casa. O Ver. Flávio Coulon tem que falar e
reafirmar a frase infeliz – a afirmação totalmente infeliz – de que Porto Alegre
não merece as verbas e o auxílio do Governo Federal, porque eu poderia fazer
uma frase em cima dessa, que o Ver. Flávio Coulon não gostaria de ouvir. Eu
poderia dizer que o povo de Porto Alegre não merece um representante que faça
esse tipo de frase.
O Sr. Caio Lustosa: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Eu até acho que V. Exa. tem razão quando acusa essa
discriminação...
O SR. PEDRO RUAS: Está registrada na
imprensa, Vereador.
O Sr. Caio Lustosa: Talvez a República lá de
Curupu tenha em relação a Porto Alegre. Mas eu acho que é uma coisa muito mais
séria e que agora veio à tona, o recente episódio do ex-Ministro do
Planejamento, Aníbal Teixeira, que é uma coisa que até está dando margem a
estudos de sociologia política bem recentes, que é o estudo sobre a
cleptocracia, que domina o País. Então, nós vemos Deputados Federais que têm
acesso direto aos cofres, para trazer verba para este ou aquele município. É
toda uma bagunça que se instalou. Os estados não têm mais voz e nem vez junto ao
Governo Federal, os municípios tampouco. Então, é toda uma degringolagem
institucional, que hoje é um jogo de empurra e, naturalmente, a corrupção que
está instalada nesse panorama todo é que está vicejando. E eu não tenho dúvidas
de que se vier um Projeto que movimente com grandes somas de dinheiro – e já
tem uns nesta Cidade também, veja-se o Projeto da Praia do Guaíba – que envolva
os donos da Cidade, esses caras que lidam com empreiteiras, essa turma toda que
o povo bem conhece, e os dinheiros vêm fáceis, sem discriminar. Porque a
cleptocracia é mais poderosa do que as siglas dos partidecos todos em que o
País está se digladiando. Então, em toda esta verdadeira bagunça institucional
que o País vive hoje, o que sobra é isto: os expediente, as negociatas. Eu acho
que a questão partidária até fica num segundo plano. Se tiver bons conchavos
com o mundo empresarial, com os grandes grupos oligopolistas, o dinheiro vem, e
vem frouxo, independentemente de siglas partidárias.
O Sr. Flávio Coulon: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Como sempre, a Bancada do PDT não ouve direito as
coisas nesta Casa e tenta confundir. Mas, graças a Deus, temos as taquígrafas
para registrar o que é dito aqui. Em primeiro lugar, antes de me referir à tese
que foi objeto de um aparte anti-regimental, eu referiria que o Estado do Rio
Grande do Sul todo está sendo discriminado pelo Governo Federal, não é apenas a
Prefeitura de Porto Alegre. Basta ler, no jornal, que o Governador Pedro Simon
faz parte de um dos governos mais discriminados, atualmente, no Brasil. Em
segundo lugar, quando eu levantei a tese de que talvez a administração
pedetista não merecia estas verbas, é porque, até agora, eu não tenho notícias
de ter lido, em jornais, etc., a respeito dos projetos que ela encaminha lá
para o Governo Federal, solicitando verbas. É isto que eu queria saber. Se está
havendo competência na elaboração de projetos que sejam levados ao Governo
Federal solicitando verbas. Eu não vejo estes projetos, não lembro de nenhum
grande projeto que tenha sido objeto de notícia na imprensa, solicitando verba
do Governo Federal, com exceção do Praia do Guaíba.
O Sr. Brochado da Rocha: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Em primeiro lugar, quero dizer que V. Exa., quando levanta
este assunto, o faz com muita propriedade, eis que a discriminação não é com o
Governo Alceu Collares, é com a cidade de Porto Alegre. Eu presenciei os
primeiros momentos e, nestes, a discriminação era com Porto Alegre, não era com
o Governo do Estado, ou, se era, não tenho conhecimento, de vez que era
Governador do Estado, S. Exa. o Sr. Jair Soares, e, posteriormente, pelo que
vi, no princípio não sabia se o Governo do Estado do Rio Grande do Sul tinha
algum problema. Mas queria eliminar o problema do Ver. Coulon, ele disse que
não tinha projetos, não tem projetos. V. Exa. assistiu esses dias uma
referência feita à Avenida Tronco, aquele projeto se encontra no Ministério do
Desenvolvimento Urbano, e V. Exa., se quiser, poderei lhe dar o número do projeto,
e é, não só de alcance social, mas também é vital para cidade de Porto Alegre,
porque, do contrário, vai acontecer tudo aquilo que o Ver. Nilton Coulon estava
há pouco referindo, que eu até disse, na área, que o mais importante do projeto
era estabilizar as encostas do morro.
O SR. NILTON COMIN (Questão
de Ordem):
Gostaria de saber da Mesa se consta, na relação dos Vereadores, esse nome?
O SR. PEDRO RUAS: Peço que desconte do meu
tempo a Questão de Ordem.
A SRA. PRESIDENTE: O tempo de V. Exa. já havia
sido esgotado, quando da Questão de Ordem; se tratou apenas de um equívoco do
Sr. Presidente, portanto, não caberia uma Questão de Ordem.
O SR. NILTON COMIN: Porque é de se estranhar
que o Presidente da Casa, debatendo um assunto de seriedade, leve para galhorda
um termo inadequado.
A SRA. PRESIDENTE: Acho que V. Exa. levou em
consideração, ou interpretou mal o que o Sr. Presidente estava colocando.
O Sr. Brochado da Rocha: Quero apenas que fique
registrado, nos Anais, ao Sr. Ver. Nilton Comin as minhas escusas, porque
errei, é que eu estava olhando para os dois – Ver. Nilton Comin e Flávio Coulon
– e foi aí o produto do erro, foi a visualização dos dois. E me lembrava, na
ocasião, exatamente o que o Ver. Nilton Comin estava colocando sobre encosta de
morro, e um assunto chama o outro. Quero deixar, em primeiro lugar, as minhas
escusas, acho que somos passíveis de erro. Mas queria deixar escoimado: há
projetos, e eu encaminharei a V. Exa. uma série de projetos que V. Exa. poderia
trazer e mostrar a descrição. Agora, para deixar bem claro: se há discriminação
com o Rio Grande do Sul? Sim. Acabei de dizer que o Governo do Sr. Pedro Simon
está sendo discriminado pelo Governo Federal. Acho que sim.
O SR. PEDRO RUAS: Para concluir, Sra.
Presidente, enfatizo o que disse desde o início deste pronunciamento: se não
existe a Reforma Tributária pela qual tanto lutamos e pela qual tanto lutaram
outros parlamentares de outros partidos, que hoje estão em Brasília, não é com
o simples beneficiamento de algumas capitais que vai-se resolver o problema.
Agora, nós, porto-alegrenses, exigimos, no momento em que verbas são
distribuídas indiscriminadamente a
todas as capitais do País, com exceção de Porto Alegre, a título de um auxílio,
enquanto a Reforma Tributária não vem, nós queremos participar desta
distribuição de verbas, sim senhor. A nossa representação exige que se faça
esta denúncia e este apelo, que não ocorra mais a discriminação em relação a
Porto Alegre, que Porto Alegre também receba verbas federais, porque nós também
temos programas sociais cuja importância transcende a qualquer partido ou sigla
partidária que esteja no poder, no momento. Sou grato.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Hermes Dutra em Comunicação de Líder.
O SR. HERMES DUTRA: Sra. Presidente, Srs. Vereadores, eu quero me referir a um assunto
que, se não interessa a Porto Alegre de forma direta, tem uma importância
indireta sobre a nossa Capital, das mais graves. Quero me referir aos acordos
que estão sendo selados entre o Brasil e a Argentina, nos quais o Uruguai vai
de contrapeso. Acordos estes que politicamente para a América Latina
representam muito, porque é a primeira vez que os povos da América do Sul se
unem em torno de objetivos, politicamente.
Agora, é importante que se registre, Sra. Presidente, que estes
acordos, na forma como estão sendo feitos, são acordos altamente perniciosos ao
Rio Grande do Sul. E o que é lamentável é que o nosso Governador recém agora
parece estar se dando conta disso, porque andava faceiro e sobranceiro a
acompanhar o Sr. José Sarney, Presidente de honra do PMDB, nas viagens pelos
países do Prata, a assinar acordos segundo os quais vai acontecer o seguinte:
serão vendidos para a Argentina produtos industrializados. Automóveis. Serão
comprados da Argentina produtos agrícolas, como maçã, derivados de produtos
agrícolas, como o vinho, carne, lã, sem taxas alfandegárias, num livre comércio
que é ótimo na teoria mas que vai beneficiar fundamentalmente o centro do País.
A nossa economia – e até hoje o Rio Grande do Sul tem conseguido andar, apesar
dos governos, vai começar a entrar em colapso na medida exata que estes acordos
começarem a ser operacionalizados, porque a economia argentina e a uruguaia, de
forma mais subsidiária, tem características semelhantes a nossa. E a nossa
indústria de vinhos, a nossa indústria de enlatados de doces de Pelotas,
principalmente, a nossa lavoura de arroz e o nosso rebanho vão começar a
enfrentar concorrência direta da Argentina. E por que vai enfrentar
concorrência direta da Argentina? Porque a Argentina utiliza um processo de
bonificação fiscal para o que exporta, inclusive se temendo até mesmo a entrada
da Argentina na venda de máquinas agrícolas, que é um dos poucos setores nos
quais o Rio Grande do Sul é desenvolvido, em termos de produtos
industrializados. Quer dizer, está se fazendo um acordo que politicamente é
muito bom, mas que não serve economicamente ao Rio Grande do Sul. Qual é a
saída então? Se o acordo é politicamente bom para o Brasil e para os povos da
América Latina, porque representa a integração que deveria ter acontecido há
mais de 100 anos, o que tem de fazer o Governo do Estado? Tem de exigir
compensações do Governo Federal para evitar que a nossa agropecuária, a nossa
lavoura, cheguem à falência em virtude da concorrência dos produtos argentinos.
Porque nós sabemos que um consumidor rio-grandense ou brasileiro, ao chegar num
supermercado e se deparar com uma garrafa de vinho gaúcho, ou um vinho
argentino, como o vinho argentino estará por menor preço, qual será o vinho que
ele vai preferir? É óbvio que ele vai preferir o vinho argentino. Então,
estamos diante de um dilema muito sério e muito grave, Sra. Presidente. Não
podemos deixar de fazer este acordo, que politicamente é muito bom para os
povos do 3º Mundo, agora não podemos ir na carona dos paulistas e
lamentavelmente é isto que as autoridades do governo do Rio Grande do Sul estão
fazendo. Não estão se dando conta que se faça o acordo, mas tem de haver
contrapartida para que os nossos produtos: o arroz, o pêssego, o vinho, a
carne, a lã, enfim, os produtos semelhantes ao da indústria argentina e da
lavoura argentina, e da mesma forma com o Uruguai, tenham compensações em
termos de impostos, sejam criados fundos custeados pelo Governo Federal para
que estes setores vitais da indústria, da lavoura e da pecuária rio-grandense
não venham a sofrer um colapso, porque nós estamos entrando de brincadeira, de
graça neste jogo, que é fundamentalmente comandado pelos paulistas e todos nós
sabemos que São Paulo é a potência que é porque seus homens públicos fazem as
coisas pragmáticas, não ficam de lero-lero, escrevendo coisas que sabem que
amanhã não poderão cumprir, são essencialmente pragmáticos e é isso que está
faltando no Rio Grande.
Concluo, Sra. Presidente, achando que é exatamente importante o
posicionamento de todos que detém um mandato político com vistas a forçar as
lideranças no Rio Grande do Sul, a iniciar pelo seu Governador, que timidamente
começa a se dar conta - e deveria se dar conta seis meses atrás - e agora acha
necessário fincar pé e exigir compensações no Governo Federal, ou o Rio Grande
do Sul vai ir para as “cucuias”. Ou será, Sra. Presidente que teremos que
voltar a discutir teses emancipacionistas? Eu acho que não. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Liderança com o PL, Ver.
Jorge Goularte, V. Exa. tem cinco minutos, sem apartes.
O SR. JORGE GOULARTE: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, eu gostaria nesta Liderança que faço agradecer ao Ver. Brochado da
Rocha, Presidente da Casa, a manifestação altiva que fez e até agradeço ao Ver.
Hermes Dutra, que ratifica o meu pronunciamento dizendo que é em nome da Casa,
porque na realidade há pessoas, Ver. Brochado da Rocha, que não se
conscientizam do valor das instituições e procuram diminuir quem faz parte
desta instituição na vã esperança de que poderá ser beneficiado desmoralizando
os que aqui estão. Quem desmoraliza uma instituição não merece ingressar nessa
instituição, mas estas manifestações do Secretário da Administração não são
corriqueiras, são sistemáticas. Há, de parte do Secretário, uma má vontade para
com esta Casa e, volto a dizer, por completo desconhecimento do que é a
política, procura desmoralizar os seus representantes na vã tentativa de, com
isso, diminuir os concorrentes. Ora, isso é algo que não precisa nem ser muito
inteligente para verificar que não é isso que dá o voto, que não é isso que faz
alguém alcançar a condição de ingresso nesta Casa do Povo de Porto Alegre.
Mas eu queria cumprimentar o Presidente da Casa também pela
manifestação que fez em relação ao porto de Porto Alegre. Há um tempo atrás,
nós vínhamos tentando fazer, daquele local, estacionamento para a população de
Porto Alegre. Há muitos anos eu venho tentando isso, dizendo que o MAPA poderia
explorar aquela área, tendo um rendimento elevado, porque é uma área muito
grande, e agora o Presidente toca num assunto de extrema relevância. Não pode,
o DEPRC, apropriar-se de uma área pública municipal como se fosse algo de sua
propriedade particular e de ingresso apenas para os seus funcionários,
contrariando, inclusive, a Constituição, no direito de ir e vir do cidadão. Por
isso é que se diz – e lamento não estar aqui o Ver. Caio Lustosa, que é um
homem que respeito profundamente – que este País está cheio de partidecos,
fazendo alusão a várias siglas e a seu Partido, que está com vários partidecos
dentro de um Partido só. Outros partidos estão pequenos, mas em formação, e o PMDB se transformou em
vários partidecos dentro de uma sigla só. Então, me parece que realmente a
situação é grave, é algo extremamente preocupante a crise em que estamos
vivendo. E o que disse o Ver. Pedro Ruas em relação, também, ao Governo
Federal, que criou a República dos Estados Unidos do Nordeste, capital
Maranhão, transformou este País em dois países: um dos amigos do Presidente,
capitaneado pelo seu ex-genro - segundo consta, a CPI está tentando fazer com
que ele diga alguma coisa e o Consultor-Geral da República tenta impedir,
declarando que a CPI é ilegal, o que quer dizer que a corrupção é que é legal.
A CPI é ilegal porque quer descobrir verdades a respeito da corrupção. Diante
deste quadro é triste e lamentável a situação e eu concordo com o Ver. Caio
Lustosa, é um País que está cheio de partidecos, aonde o maior partido do
ocidente – ultimamente chamado PMDB – hoje é formado por vários partidecos
dentro de um partido só. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: A seguir, havendo “quorum”,
passaremos a
ORDEM DO DIA
Sobre a mesa, vários Requerimentos para serem votados.
(Obs.: Foram aprovados os Requerimentos constantes na Ata.)
O SR. IGNÁCIO NEIS: Peço a palavra, Sra.
Presidente.
A SRA. PRESIDENTE: V. Exa. tem a palavra.
O SR. IGNÁCIO NEIS: Solicito, em Requerimento oral,
seja inversa a ordem dos trabalhos, passando-se ao período de Pauta.
A SRA. PRESIDENTE: E votação o Requerimento.
(Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
Passa-se à
1ª SESSÃO
PROC. 407/88 – PROJETO DE LEI DO
LEGISLATIVO Nº 10/88, da Verª
Teresinha Irigaray, que dispõe sobre permissões do serviço de transporte de
passageiros em veículos de aluguel (taxi), cursos de primeiros socorros,
turismo e urbanismo.
PROC. 572/88 – PROJETO DE LEI DO
EXECUTIVO Nº 19/88, que autoriza o
Executivo Municipal a abrir créditos especiais no valor de Cz$ 1.770.000,00 e
dá outras providências.
PROC. 574/88 – PROJETO DE LEIDO
EXECUTIVO Nº 21/88, que extingue a
Fundação de Educação Social e Comunitária – FESC e dá outras providências.
PROC. 575/88 – PROJETO DE LEI
COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO Nº 01/88,
que altera o artigo 252 da Lei Complementar nº 133, de 31 de dezembro de 1985,
alterado pela Lei Complementar nº 163, de 18 de dezembro de 1987, e dá outras
providências.
PROC. 489/88 – PROJETO DE LEI DO
LEGISLATIVO Nº 20/88, do Ver. Werner
Becker, que determina que os recursos financeiros do Município sejam
depositados em bancos estaduais.
PROC. 523/88 – PROJETO DE LEI DO
LEGISLATIVO Nº 23/88, do Ver. Isaac
Ainhorn, que concede o título honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Senhor
Paulo Otacílio de Souza, o Paulo Lumumba.
PROC. 573/88 – PROJETO DE LEI DO
EXECUTIVO Nº 20/88, que denomina Rua
Carlos Drummond de Andrade uma via pública.
PROC. 584/88 – PROJETO DE LEI DO
EXECUTIVO Nº 22/88, que denomina Rua
do Schneider um logradouro público.
2ª SESSÃO
PROC. 429/88 – PROJETO DE LEI DO
LEGISLATIVO Nº 13/88, do Ver.
Frederico Barbosa, que dispõe sobre a obrigatoriedade da introdução de
programas educativos, dirigidos à não-violência e à educação no trânsito, nas
Escolas Municipais de 1º e 2º Graus e dá outras providências.
PROC. 527/88 – PROJETO DE LEI DO
EXECUTIVO Nº 14/88, que denomina Rua
Serafina Corrêa uma via pública.
PROC. 528/88 – PROJETO DE LEI DO
EXECUTIVO Nº 15/88, que denomina Rua
Associação Atlética Trienon um logradouro irregular.
PROC. 529/88 – PROJETO DE LEI DO
EXECUTIVO Nº 16/88, que denomina
Praça Recanto dos Amigos um logradouro público.
PROC. 0530/88 – PROJETO DE LEI DO
EXECUTIVO Nº 17/88, que denomina
Praça da União um logradouro público.
PROC. 531/88 – PROJETO DE LEI DO
EXECUTIVO Nº 18/88, que denomina Adão
Pinheiro da Silva uma via pública.
3ª SESSÃO
PROC. 098/88 – PROJETO DE LEI DO
EXECUTIVO N.º 01/88, que autoriza o
Executivo a alienar imóvel de propriedade do Município a Sérgio Geraldo Jaeger
Rocha e sua esposa Lúcia Beatriz Culau Rocha e dá outras providências.
PROC. 158/88 – PROJETO DE LEI DO
LEGISLATIVO Nº 02/88, da Verª
Teresinha Irigaray, que denomina Ginásio de Esportes Osmar Fortes Barcelos,
‘Tesourinha”, o Ginásio de Esportes do Município.
PROC. 285/88 – PROJETO DE LEI DO
EXECUTIVO Nº 05/88, que autoriza
venda de imóvel, independente da licitação, com dação em pagamento, e dá outras
providências.
PROC. 437/88 – PROJETO DE LEI
COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 01/88,
da Verª Gladis Mantelli, que apresenta alínea “n” ao Artigo 10 da Lei 2.758, de
04 de dezembro de 1964.
PROC. 434/88 – PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº
06/88, da Verª Gladis Mantelli, que
concede o título honorífico de Cidadão Emérito ao coreógrafo e professor de
dança João Rolla.
PROC. 487/88 – PROJETO DE LEI DO
LEGISLATIVO Nº 19/88, do Ver. Rafael
Santos, que proíbe o Poder Executivo de colocar equipamentos nos logradouros
públicos sem a expressa autorização legislativa.
PROC. 497/88 – PROJETO DE LEI DO
LEGISLATIVO Nº 22/88, do Ver. Hermes
Dutra, que denomina Rua Paulo Henrique Ten Caten um logradouro público.
4ª SESSÃO
PROC. 184/88 – PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº
01/88, do Ver. Flávio Coulon, que
cria a Comissão de Fiscalização Financeira da Câmara Municipal, reestrutura o
processo de Tomada de Contas, e dá outras providências (Res. nº 785/83).
A SRA. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Artur
Zanella, V. Exa. tem dez minutos.
O SR. ARTUR ZANELLA: Sra. Presidente, Srs. Vereadores,
o Processo de nº 0574, propõe a extinção da FESC, com uma série de
justificativas, eu acho que algumas delas procedente. Porém, eu examinei o
Processo, examinei também o parecer da Auditoria e diz o seguinte: ”a
legalidade do artigo segundo do Projeto está, entretanto, subordinado à
aprovação do Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 188, que altera o
artigo 252 da Lei Complementar 133/85, alterado pela Lei Complementar 163/87, e
dá outras providências”.
Mais ainda, estive examinando, também, a Lei Orgânica do Município e
não sou advogado, pedi que um jurista examinasse, mas me parece extremamente
discutível que, sem alteração da Lei Orgânica, se possa criar um cargo especial
da CLT no Poder Executivo. Parece-me também, Sr. Presidente, Srs. Vereadores,
que nós estamos tratando de um assunto extremamente delicado. A FESC já foi
criada em função de que, no sistema anterior, conveniado com a PUC, os centros
estavam com problemas. Foi criada a Fundação e, sinceramente, a justificativa
de sua extinção, num final de governo, não me parece das mais consistentes,
inclusive citando-se que o Presidente da FESC é o Secretário de Educação e que
isso não daria condições de flexibilidade ou coisa assim. Quando seria mais
fácil então criar o cargo de Presidente.
Mas eu quero dizer, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é que nesta
época, em que se altera a Constituição, nesta época em que o Governo do Estado
está discutindo na Justiça efetivação, está discutindo na Justiça uma série de
assuntos ligados aos funcionários, todos os resultados que estão sendo
apresentados pelo Supremo ou pelos Tribunais são contra os funcionários. O
Município, mais dia, menos dia, também vai ter que discutir este assunto da Lei
Complementar nº 81/83; da Lei Complementar nº 10. Eu creio que é extremamente
perigosa a extinção da FESC neste momento. Mais ainda, todos esses dez, quinze,
vinte mil, ninguém sabe ainda o número de funcionários do Estado efetivados com
dez anos de serviço, voltariam a sua situação anterior. E, se por um acaso cruel,
se por um evento que eu não desejo, os funcionários municipais perderem algumas
das suas vantagens, voltarão à situação anterior?
Os funcionários da FESC, no momento em que for extinta a Fundação, não
terão lugar para voltar. Não existirá mais FESC – Fundação Educacional, Social
e Comunitária, para o seu retorno. Então, eu pedi um parecer externo, eu pedi
ao Auditor- Geral da Casa um parecer mais explícito sobre o assunto. Mas eu
creio, para o bem dos funcionários, que não é a hora de extinguir coisa alguma
e não é hora, principalmente de criar cargos pela CLT, no Município. Tenho
quase certeza, não afirmo, que para alguns cargos, cargos de contabilidade,
segurança, cargos ligados à parte administrativa pura, existe vedação expressa
na legislação municipal, proibindo a contratação por CLT. Tenho as minhas mais
fundadas dúvidas de que, mesmo criando-se os cargos por lei municipal, se possa
contratar pessoal administrativo pela CLT. Lembro-me, perfeitamente, na Lei
Complementar 81, um de seus artigos, não estava aqui nesta época, era
exatamente este, a proibição de contratação pela CLT de funcionários
municipais. Então, o que eu vejo é que é lei demais a ser revogada, a alteração
constitucional que vem aí, não sabendo-se de que forma virá. E eu não sei se uma
alteração feita um mês ou dois meses antes da Constituição determine finalmente
os modos de acesso ao funcionalismo público, se a criação de uma lei não vai
terminar com uma suspeita de fraude, que nós estejamos, antes da edição da
Constituição, tentando acertar a vida dos funcionários. Imagino, numa Ação
Judicial, ser alegado isso, não que nós estejamos tentando fazer isso, porque é
um Projeto do Executivo.
Eu creio que é extremamente perigosa esta atitude de extinção da FESC.
Acho extremamente discutível a criação de um quadro de CLT. E creio que é
impossível a nomeação de todos os funcionários da FESC em cargos pela CLT. E eu
não quero, com o meu voto, imaginar que estejam melhorando a situação funcional
daqueles funcionários, quando, na verdade, quem sabe nós estejamos dando a eles
um remédio que, ao invés de melhorar a sua saúde funcional, termine por matar o
paciente. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE : Com a palavra, o Ver.
Hermes Dutra.
O SR. HERMES DUTRA: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, vou-me ater ao Projeto que o Ver. Artur Zanella comentou. Por um
mês e meio fui presidente dessa Fundação, por ter ocupado, interinamente, as
funções de Secretário da Educação. Então, eu tenho algumas informações que eu
acho importante transmitir aos Srs. Vereadores, até para que tenham uma idéia.
Quando o Prefeito João Dib assumiu o Governo Municipal, presidia a Fundação o
Prof. João Mano José, Vereador nesta Casa. Lá pelo primeiro ano de mandato, o
Ver. Brochado da Rocha, recebendo informações sobre a política de pessoal na
FESC, requereu uma CPI para apurar eventuais irregularidades lá. Essa CPI teve,
como Relatora, a nobre Verª Gladis Mantelli, que terminou pedindo o
arquivamento da mesma, porque não encontraram absolutamente nada de anormal na
Fundação. O Governo João Dib encontrou a Fundação com, mais ou menos, 220
funcionários e, ao final de três anos, Ver. Nilton Comin, a Fundação foi
entregue ao Prefeito Alceu Collares com mais ou menos 205 funcionários, isto é,
durante o Governo João Dib houve uma diminuição do número de funcionários na
FESC. Esses dados eu vou trazer para discussão futura, mas em torno de 10 a 15
funcionários foi o que diminuiu no quadro da Fundação. Pois a Administração
socialista da Cidade entrou e hoje a FESC já conta, ao que parece, com 390
funcionários. Com estas informações, eu passo a olhar o projeto encaminhado
pelo Prefeito. Vejam, então, o que diz S. Exa.: “Esta medida – a extinção FESC
– inviabiliza o empreguismo influenciado por interesses pessoais e políticos”.
Está aqui dito pelo Sr. Prefeito Municipal, dito e assinado. Bem, certamente o
empreguismo influenciado por interesses pessoais e políticos, suponho, tenha
sido feito por S. Exa. pois, quando do Governo João Dib, como já frisei, houve
uma diminuição no número de funcionários. Diz S. Exa. que um número muito
grande de funcionários da FESC eram cedidos para órgãos outros e que a lei não
permitia este tipo de cedência. Em primeiro lugar, isto é uma questão legal e,
como tal, passível de interpretação. E, em segundo lugar que, aliás, deveria
ser o primeiro, é o seguinte: se foi cedido o funcionário, é porque alguém
cedeu. Funcionário nenhum se cede automaticamente. Quando a FESC foi entregue
ao Sr. Prefeito Municipal, se não me engano ela tinha três funcionários cedidos
somente, hoje eu não sei quantos tem, já fiz um Pedido de Informações que possa
me instruir e, com isto, poder discutir de forma mais aberta. Agora, o que me
chama a atenção é o seguinte: no Governo João Dib, de três anos, houve uma diminuição
de funcionários. Em dois anos de administração Collares, o número de
funcionários aumentou em mais de 50%. E, agora, tenta-se, com a extinção da
Fundação, criar um quadro especial, que vai, digamos assim, efetivar esses
funcionários. Eu, quando assumi a FESC, por um mês e meio apenas, muito não
poderia fazer. Fiz uma rápida visita aos Centros Comunitários que estavam com
alguns problemas, tratei de arrumar dinheiro com a Secretaria do Planejamento,
para poderem funcionar no verão e, aos funcionários, os reuni e perguntei qual
era a sua maior aspiração. Eles disseram que era um quadro de funcionários que
vinha sendo encaminhado através do Sindicato – o SENALBA – aliás, cujo advogado
era o Ver. Pedro Ruas. Chamei o SENALBA e chamei o Sindicato dos Patrões, pois
a FESC era filiada ao Sindicato dos Patrões e disse que eles fizessem o acordo
entre si. Aliás, fato inédito, foi a primeira vez que aconteceu isso no País,
em que um acordo, feito pelos sindicatos dos empregados e patrão, se fez em uma
convenção coletiva de trabalho. Esse acordo impunha deveres e direitos ao
Município, e foi tipo, à época, pelo SENALBA, no ato da assinatura, como além
de ser um fato inédito, uma conquista da categoria, porque impedia, exatamente,
a manipulação política dos empregos da FESC. Pois bem, esse quadro foi para as
“cucuias”, passados dois anos, não foi renovado, se fez um novo quadro, a
bel-prazer dos dirigentes da FESC, sem que fosse abonado pelos dois sindicatos,
como este Vereador fez, no final de 85, e retiraram algumas conquistas já
alcançadas pelos trabalhadores, que estavam anotadas no quadro, como, por
exemplo, que a demissão de funcionários só se poderia dar por incompatibilidade
no serviço, falta grave, e aquelas outras previstas pela CLT, falta de fé,
desvio, etc., mas tinha um redutor, impedia que se contratasse, por qualquer
título, fora do quadro de pessoal então aprovado. E quando se aprovou o quadro,
se deixou ainda, Ver. Caio Lustosa, vinte e poucos cargos para que a
administração socialista completasse, para que não dissesse que encontrou a
FESC sem condições de colocar alguém. Pois, usando os mais variados artifícios,
a FESC foi sendo inchada, e hoje está com quase 400 funcionários. É a questão
que temos que avaliar no aspecto operacional. No aspecto jurídico, não sou a
pessoa mais qualificada para falar, mas nas Disposições Transitórias da
Constituição, no anteprojeto que está aí, tem um artigo que poderá ser
confirmado ou não, e que diz o seguinte: “ficam sem efeito toda e qualquer lei
que venha a criar cargos, feitas no prazo anterior a um ano desta
Constituição”. E até acho que o legislador que propôs isso, não sei quem é,
acho que ele quis colocar também uma certa segurança, porque lá pelas tantas as
Disposições Transitórias da Constituição dão estabilidade para quem tem mais de
cinco anos de emprego. Como o processo da Constituição é moroso, ele talvez
quis evitar que alguns mais assanhados façam leis já visando ter o ganho com
aquilo que a Constituição iria provar.
Então, se confirmado este artigo do atual Anteprojeto da Constituição,
a aprovação da extinção da FESC vai valer, porque ela é uma Fundação,
instituída por Lei, pelo Município, que extingue. Agora, a criação dos cargos
no quadro do Município, num quadro especial, será nula, por disposição da
própria Constituição e aí vou me lembrar do que disse o Ver. Artur Zanella: a
FESC não existirá mais, para onde terão que voltar os funcionários? Das idéias
que durante o Governo João Dib... e falo do Governo João Dib porque foi o
Governo durante o qual eu convivi e se tentou resolver o problema da FESC,
porque é muito discutível este problema da Fundação dentro do serviço público,
também até mesmo por este problema de empreguismo, que não houve na
Administração João Dib, é bom deixar bem claro que houve redução de
funcionários. Houve redução de funcionários, Ver. Caio Lustosa, encontramos com
220 e entregamos com 205, 206, contra os números não adianta V. Exa. colocar a
sua antipatia ideológica. Não tenho os dados oficialmente, hoje, mas vou
trazê-los oficialmente fornecidos pela Administração socialista, já fiz o
Pedido de Informação, até para não dizerem que é eu que estou dizendo. Mas uma
das idéias que se teve era, se fosse o caso de extinção da FESC - não se
pensava no processo constitucional, com as suas redações – mas era, se fosse o
caso, fazer até um concurso público para que estes funcionários pudessem,
então, efetivamente, chegar à conclusão através de um concurso, com a extinção
da FESC. Esta era uma das alternativas, porque deixá-los agregados a um quadro
em extinção, acho que é problematizante para o Município, sem contar estes
dispositivos da Constituição, que não posso afirmar que serão aprovados, mas, e
se forem aprovados? Aí vamos ficar sem mel nem porongo.
O Sr. Artur Zanella: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Eu tenho muito medo destes quadros aí, e nós estamos,
agora, numa situação inversa. As pessoas que em 1975 eram funcionárias da
Carris, vieram por aquele convênio que logo seria extinto ou coisa que o valha,
e agora o Sr. Prefeito, num Veto sobre aquelas verbas da Carris, diz que ainda
quer trocar gente que estão dentro daquele convênio, treze anos depois. A
respeito de interesse público, se aquele não funcionou, imaginem este que não
tem controle nenhum, que é fora e é um número muito grande de funcionários. Nós
estamos criando aí um monstro de belo tamanho.
O SR. HERMES DUTRA: Sou grato a V. Exa. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Próximo orador inscrito,
Ver. Caio Lustosa. V. Exa. tem dez minutos.
O SR. CAIO LUSTOSA: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, eu só posso acreditar que nem o ilustre Secretário de Cultura do
Município, recém nomeado, nem a não menos ilustre Secretária de Educação, Profª
Neuza Canabarro, tenham ciência de que o Chefe do Executivo haja encaminhando a
esta Casa e que figure, hoje, no primeiro dia de Pauta, este Processo nº 573,
contendo o Projeto de Lei nº 20/88, que denomina Rua Carlos Drummond de Andrade
um trecho de um via pública remanescente da Praça Aratiba, no Bairro Madepinho.
É um trecho de uma ponta, de uma sobra de uma rua, de um bairro não menos digno
e nobre como outros da Cidade, mas a que se pretende dar o nome de Carlos
Drummond de Andrade. Enquanto isso, na mesma Pauta vêm se arrolados quatro ou cinco
projetos denominando logradouros com nomes assim de alto significado cultural e
histórico da vida deste País: Rua Serafina Corrêa, Associação Atlética Trienon,
Recanto dos Amigos, Praça da União, e coisas deste gênero, no mesmo nível do
nome de Carlos Drummond de Andrade. E quando se afirma que nós estamos, aliás,
já enveredamos há muito tempo num processo de avacalhação nacional, em termos
de respeito às criaturas e aos nomes realmente significativos da nossa vida,
ainda se quer apodar denúncias assim como vazias e sem conteúdo. Eu até
aproveito a chegada aqui do Vice-Líder da administração socialista morena, da
Bancada, é da Bancada, mas defende a posição do Executivo Municipal, para que
S. Exa. chegasse até o nosso querido Edil Alceu Collares e mostrasse que
realmente é preferível que Porto Alegre fique quieta. Não homenageie, esqueça
Carlos Drummond de Andrade, porque homenageá-lo desta forma, com o retalho, com
o resquício, com a sobra de uma rua lá nas cercanias da Praça Aratiba, do
Bairro Madepinho, é um atestado de santa e supina insensibilidade e ignorância,
como bem me acode a representante do PC do B.
O Sr. Artur Zanella: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Parece que o Relator aí do Projeto é o mesmo que deu
8 mil cruzados por 22 apresentações de concerto da OSPA, e 3 mil para o Clube
de Cultura.
O SR. CAIO LUSTOSA: Então, eu apelo, mas
compreendo bem. Acho que uma administração tem mil problemas, mas realmente é
algo que não se pode deixar passar e que está a merecer uma corrigenda imediata
a nível do Secretário de Cultura do Município, e eu sei que tem um ilustre
representante muito esforçado junto a esta Casa, nobre jornalista que nos honra
com sua presença, para que isso seja corrigido, e que o Secretário Felizardo
faça com que o Prefeito, se quer homenagear Carlos Drummond de Andrade, o faça
de uma forma condigna, mas não assim, de modo até depreciativo, se não
afrontoso, à memória daquele que foi o maior poeta da modernidade em nosso
País.
O Sr. Flávio Coulon: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Ver. Caio Lustosa, eu havia me inscrito em Pauta para
exatamente abordar esse tema que V. Exa. acabou abordando com muito mais
propriedade e brilhantismo do que eu. Havia tomado nota aqui: desrespeito ao
grande poeta; trecho da Praça. Era o mote da coisa que me chamou atenção.
Compulsei, compulsei este Projeto e não consegui entender se o Prefeito estava
tentando homenagear ou desomenagear o Carlos Drummond de Andrade, porque se ele
quer homenagear, ele não conhece, então, quem é o Carlos Drummond de Andrade. É
uma falta de senso de proporção violenta. E se ele quer desomenagear, realmente
ele conseguiu uma maneira de fazê-lo. E, Vereador, aproveito-me ainda do seu
tempo para elogiar o Sr. Prefeito e agradecer à Secretária de Educação pela
edição desse livro “Guia Histórico de Porto Alegre”, de Sérgio da Costa Franco.
Trata-se, realmente, de uma obra de excepcional valor para a Cidade e que
merece, desta Câmara, os maiores elogios e os maiores cumprimentos à Administração.
O SR. CAIO LUSTOSA: Eu também me associo, acho
que é uma obra de real valor, inclusive arrola como um bem a ser preservado no
patrimônio histórico e cultural do Município, o Hospital São Pedro, num
paradoxo frontal com o Veto que o Prefeito apôs ao nosso Projeto “Preservação
do Patrimônio Natural e Cultural”, que diz que o São Pedro é uma velharia que
talvez mereça sair do mapa e dar lugar certamente a um espigão. Então, vejam, o
Assessor de Cultura Dr. Sérgio da Costa Franco coloca como um bem de valor
arquitetônico e histórico para Porto Alegre o prédio do Hospital São Pedro,
nesse seu “guia histórico”, e o Prefeito certamente não leu o trabalho do Dr.
Sérgio da Costa Franco e não se informou e, portanto, caiu num lapso lá no Veto
de um Projeto que nós iremos examinar dentro de poucos dias.
Mas assim fica, então, Sra. Presidente e Srs. Vereadores, o nosso apelo
para que esta falha gritante seja corrigida.
Num segundo momento, nós queremos nos reportar a um Projeto que está
correndo Pauta pela 1ª vez, do Ver. Werner Becker, que é referente aos recursos
financeiros do Município devendo ser depositados em banco estatais, ao
contrário do que ocorre hoje, em que esses depósitos podem ser feitos
indistintamente, inclusive nos poderosos dos grupos privados do nosso sistema
bancário. Examinando o Projeto, vi que há ressalva da Auditoria. Longe de mim
querer dar lições à Auditora e querer policiá-la, mas eu acho que essa ressalva
que ela faz ao Projeto do Ver. Werner Becker, de que seria competência
exclusiva do Chefe do Executivo estar administrando as finanças municipais -
portanto, decidindo ele só, junto com a Secretária da Fazenda, depositar-se em
banco privado ou estatal - e que esta competência a Câmara não poderia estar
usurpando via Projeto de Lei, como o do Ver. Werner Becker, não subsiste, não
pode ser acolhida por esta Casa. É a mesma coisa com aquele Projeto do Ver.
Flávio Coulon, que tenta criar uma fiscalização orçamentária. Eu acho que a
Auditoria, data vênia, precisa se imbuir um pouco mais, vestir mais a camiseta
do Legislativo. Não é hora de nós estarmos insistindo na perda de
prerrogativas, pelo contrário, temos que buscar mais e mais prerrogativas,
tanto aqui como lá em cima. A luta que se faz na Constituinte para que o
Congresso se afirme perante a república de “Curupu” tem que ser mantida aqui
embaixo também junto ao Prefeito socialista moreno que, às vezes, esquece de
seu passado de luta democrática. Então, nós temos que buscar as prerrogativas e
afirmar as prerrogativas com o Projeto do Ver. Coulon relativamente à
fiscalização, que também consta hoje em seu terceiro dia de Pauta, e do Ver.
Werner Becker, fazendo com que o dinheiro dos munícipes seja depositado em
bancos estatais.
O Sr. Flávio Coulon: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Vereador, só para reforçar a tese de V. Exa. e me
solidarizar com ela, de que realmente as pessoas deviam vestir a camiseta do
Legislativo, mas parece, Vereador, que é até do altíssimo interesse do
Executivo a aprovação deste tipo de matéria, porque muitas vezes o Executivo
não tem poderes para ele mesmo exigir dos seus comandados a aplicação desse
dinheiro em contas de bancos oficiais.
E relembro o seguinte: quando fiz aquela denúncia de aplicação, ou pelo
menos de parada de dinheiro por tempo anormal em bancos particulares, por parte
da CARRIS ou parte da FESC, entrei em contato com a Secretária da Fazenda e ela
me declarou que exatamente ela não tem poderes para fazer com que estes órgãos
entrem no caixa único da Prefeitura, que foi uma das coisas boas que a
Administração Collares fez. Toda a arrecadação do Município vai para um caixa
único dirigido pela Secretária. Agora estes órgãos não entram neste esquema.
Então, nós estaríamos ajudando até o Executivo.
O SR. CAIO LUSTOSA: Concluo, Sra. Presidente,
esperando que esta Casa examine esses dois projetos, tanto do Ver. Flávio
Coulon, relativamente à criação de uma Comissão de Fiscalização Orçamentária,
como este do Ver. Werner Becker, sobre o depósito de recursos municipais em
bancos oficiais. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Não há “quorum”. Estão
levantados os trabalhos.
(Levanta-se a Sessão às 16h32min.)
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